domingo, 13 de fevereiro de 2011

UM PEDREIRO

O que tinha era o vazio
Já passou fome
Já assou frio
O que conquistou em abundancia
Foi exatamente o nada
A infância sumiu
Em um cabo de enxada
Tinha uma leve lembrança
Do tempo de criança
Isso lhe deixava inquieto
Notou que as bolinhas de gude
Transformaram-se em pedra
No meio de um concreto
As pipas não voaram
Não saíram do lugar
Ficaram nos breves sonhos
Com o cansaço a cochilar
Respirou fundo
Sentindo muito cansaço
Percebeu que as alpargatas
Deram lugar ao botinão
De bico de aço
Um fato triste e verdadeiro
Foi a o lápis ser trocado
Pelos tijolos e a colher de pedreiro
Triste e cansado
Levanta a vista e olha o horizonte
E observa que logo ali
Logo de fronte
Há um prédio recém inaugurado
Também construído
Por este pobre coitado.
Olhando a colher, o capacete,
O prumo e a linha
Percebeu o quanto construiu
E até agora nada tinha
Notou que algo acontecia,
Era o fim que surgia.
Respirou fundo, bem fundo
Enquanto adormecia
Se já não respirava mais
Não tinha lá importância
Pois agora com certeza,
Viveria sua sonhada infância.

Nenhum comentário:

Postar um comentário